Porque não te vais embora?
Achei-te esquecido e me apareces em sonhos... Não tinhas mais para me roubar? Não foi suficiente o tempo, a inocência e tudo o que te dei que tens de voltar no meio da noite, como um ladrão covarde? Já compreendi que não te posso apagar da minha memória, por muito que eu queira. Será possível, pelo menos, que fiques a um lado? Que passes pela tangente da minha vida?Não quero saber de ti. Não quero lembrar aquele tempo. Não me quero dar o trabalho de te odiar, porque nem isso mereces. E pelo mesmo motivo, não me vou dar o trabalho de te perdoar. Mesmo quando penso que já passou muito tempo, que se calhar estava na hora de sermos adultos e deixar a raiva a um lado... mesmo aí... vejo-me novamente naquele jardim, vejo-me ao pé daquele autocarro, a chorar sem nenhum consolo, contigo ao lado sem mais nada para dizer... E então pergunto-me: como é possível perdoar? Como? Quando a única coisa que te pedi foi respeito e nem isso me soubeste dar? Quando tiveste a pouca vergonha de reabrir aquela ferida que foste tú que criaste, mesmo sabendo o tempo que demorou em sarar?
Não. Não posso perdoar. Nunca vou poder. Da mesma maneira que nunca consegui ouvir novamente aquela música que nos fez dançar numa noite de agosto. Não há em ti nem um bocadinho da pessoa que conheci, da pessoa que me apaixonou apesar de todos os seus problemas. Mas aquilo valeu, sim, valeu. Porque me fez crescer. Porque me ensinou a apreciar as pessoas que gostam de mim. Porque sem ti hoje não seria a pessoa que sou, nem teria descoberto a felicidade na que hoje vivo... sem que faças parte dela.
Gostava de que não existisses. Gostava mesmo. Mas existes. O consolo que tenho é que já não me consegues criar mais dor, porque não és ninguém. O único pesadelo que me resta de ti é que vives na minha memória. Porque não te vais embora?
1 Comments:
ola boa tarde!
o grafico do quadro beijo dos deuses encontrasse em pontodecruzecompanhiaesquemas.blogspot.com
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